quinta-feira, novembro 08, 2007

Perdi, na descoberta do corpo, o sentido da invenção do amor...Fiz-me fluído: sangue, suor, fis-me lágrimas!


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Aos 18 anos descobri o sentido do corpo.
Que se ama visceralmente, como quem faz das tripas coração.
Na metáfora do corpo a corpo, o que há de apaixonado na luta e o que há de violento na paixão.
Cultivei o amor profundo pela epiderme e fiz da escrita um tecido intrincado de ramificações sangüíneas e terminações nervosas.
Apurei a construção: substitui-se o minotauro pelo prolapso sistólico da válcula mitral.
O corpo um gigantesco órgão, de um barro impuro, que falha e dói.
Perdi, na descoberta do corpo, o sentido da invenção do amor.
Fiz-me fluído: sangue, suor, lágrimas, secreções, pus. uma intacta ferida.
No lugar do peito, uma inscrição invisível, um emblema de Louise Bourgeois
: Rouge est la couleur du sang.
Ao fundo, um disco de
Einstürzende Neubauten.
Esgotado o amor, um novo sentido para o corpo: a construção de uma anatomia das palavras.
Fazer das entranhas um hábito do desenho.
Aqui estou eu, tão cedo tarde demais, a procurar o sentido de outros corpos, abeirando-me de outros discos.
Fiz da incerteza uma dedicação profunda às funções corporais.
Se eu tivesse um físico tumor, chamava-lhe...Laurein
Mas tenho maus fígados e um coração despedaçado
.

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